sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Fim-de-semana em Évora


No fim de semana passado passei-me! Fui com a Marta para Évora! Estávamos a precisar de uma escapadinha. Em boa hora não fizemos planos complicados. Chegámos, alojámo-nos num simples mas simpático hotel e fomos conhecer a cidade, diurna e nocturna.

A cidade é muito bonita e com motivos de interesse de sobra e as pessoas muitos simpáticas e alegres.

Come-se muito bem, e com os maravilhosos tintos alentejanos a acompanhar, foi uma perdição completa. Vamos levar umas semanas a dissipar os quilinhos que ganhámos.

Na sexta-feira jantámos no Restaurante S. Luís. Muito simpático e calmo. Deu para por a conversa em dia, o que bastante falta nos fazia. Sete anos a viver juntos leva a que deixemos de ter tempo para conversas. Os miúdos são umas sanguessugas de carinhos e atenção, pelo que as nossas conversas tendem a ser muito curtas e com sentido prático. Onde está a chucha da Mariana? O Joaquim está a ficar constipado. Importas-te de passar pela farmácia e comprar mais um frasco de xarope? Vamos-lhes dar banho? Deitas o Joaquim ou a Mariana? O Joaquim já dorme. A Mariana pede água. O Joaquim tosse, acorda e volta para a sala. Pai, tenho medo de ficar sozinho no quarto. Posso ver o Ruca só um bocadinho muito pequenino? Mas hoje já viste esse DVD umas 40 vezes… Então quero o Noddy. O Noddy já está a dormir. Tu também tens que dormir. Mas eu não quero… A Mariana quer água outra vez! Podes ir lá Marta? Joaquim vai para a cama. Amanhã tens de te levantar cedo para ires para a escola. Mas eu não quero ir à escola. Porquê? Não me apetece. Não te apetece!? Não quero ir para a cama. Joaquim! Já chega. VAI PARA A CAMA!

Deixámo-los com os meus pais. Coitados! Os meus pais, obviamente! Claro que nós pensávamos que ia ser muito difícil eles quererem lá ficar e não ir connosco. Achávamos que iam ter imensas saudades nossas e iam fartar-se de chorar. Claro que somos ingénuos. Claro que eles ficaram felizes da vida e se divertiram o fim-de-semana todo. Claro que nós ficámos cheios de saudades. Claro que de cada vez que telefonávamos e falávamos com eles, ficávamos com a lágrima no canto do olho. Claro que não conseguíamos estar 10 minutos sem pensar neles.

O Jantar acabou e fomos a um bar recomendado pelo simpático senhor que nos atendeu no restaurante. Tínhamos ali estado duas horas e meia. Depois de tanto vinho já falávamos com ele como se o conhecêssemos desde a nossa infância.

Não consigo lembrar-me do nome do bar. Não sei se cheguei a saber o nome. Sei que se podia fumar. Mas eu só tinha dois cigarros ou três. Quando acabaram fui para comprar mais. Mas não tinha trocos. No bar também não tinham. Eram apenas 23h, o bar ainda estava vazio e ainda nenhum cliente tinha pago nada. O barman ofereceu-me dois cigarros. Algum tempo depois estava na mesma. O segurança, homem encorpado e simpático levou-me à porta de uma casa vizinha, bateu à porta e foi-se embora. Veio um rapaz a quem expliquei que ali me tinham mandado para pedir troco de cinco euros. Resmungou qualquer coisa, pediu-me para subir um lanço de escadas até um patamar e esperar. Entrou por uma porta semi-aberta e eu aí fiquei. Ao fim de uns minutos, resolvi espreitar. Me ti a cabeça e na minha direcção estavam viradas umas cinquenta caras de pessoas sentadas numa mesa comprida. Esbocei um sorriso forçado e recolhi a cabeça para junto do tronco. Foi uma ideia estúpida, mas entretanto chegou o troco. Depois de muitos gins tónicos, vodkas com Red Bull e umas imperiais para aconchegar, decidimos que eram horas de voltar ao hotel. Não sem antes dar-mos uma seca monumental ao porteiro, que conhecia bem o Ribatejo, pois era a sua zona de trabalho quando era colector de cobranças difíceis…

Não sei se nos perdemos pelo caminho para o hotel. Provavelmente, no meio de tantas ruas e vielas, devemos ter dado várias voltas pelos mesmos sítios. No entanto, a memória não funcionava ee assim não demos por isso. Pelo caminho tirámos uma fotografias. Sei que me sentei no chão para a pose e sei também que a Marta se sentou ao lado de algo que lhe pareceu um banco (ou mesmo cama) e se estatelou no chão. Mas foi muito engraçado.

Chegados ao hotel, não devia passar ainda das quatro da matina. Achámos que o que saberia mesmo bem seria um porto. Fomos ao bar do hotel. O barman que também era recepcionista era doutorado em psicologia, o que nos ajudou bastante. Não sei quem deu seca a quem, mas sei que bebemos vários portos. Ele deve ter gostado de nós porque na noite seguinte nos ofereceu um café.

De manhã, tomámos o pequeno almoço no hotel e fomos conhecer a cidade. Assim que chegámos à Praça do Giraldo, sentámo-nos numa explanada e bebemos cafés e águas. Estava-se ali bem. A temperatura era simpática e fazia uma brisa fresca que nos aliviava o espírito. A luz é que era um bocado intensa, apesar dos óculos escuros colados aos olhos…

De qualquer modo, ao almoço não dispensámos uma visita à Cervejeira Lusitana lá do sítio. E para começar, cogumelos gratinados. São bons absorventes. Depois disto estávamos novinhos em folha. Passeámos, vimos tudo o que são igrejas, mosteiros e sés, fomos ao Templo Diana, vimos uns japoneses a filmar um anúncio qualquer, usámos a casa de banho pública, vimos a capela dos ossos, o museu do artesanato e contámos as pedras das calçadas que cobrem todas as ruas de Évora. Como não podia deixar de ser, comprámos as lembranças da praxe. E até ficámos uns minutos a tomar conta da loja onde comprei a minha boina, enquanto a dona foi ao armazém procurar chapéus para mostrar à Marta.

À noite resolvemos ir a Montemor-o-Novo ver o castelo e jantar por lá. Tempo perdido. O castelo estava fechado. E a cidade já dormia, embora não passasse das 20h30. Decisão rápida: voltámos para Évora. Abandonámos de novo o carro no hotel e fomos para a noite. Depois de mais um belo jantar, decidimos espreitar um bar de fados que tínhamos visto de manhã. O Bota Alta. Que rica ideia. Entrámos pelas 23h, sentámo-nos e quando a simpática dona veio ter connosco, pedimos simplesmente uma garrafa de tinto Eugénio de Almeida. Um néctar especial, garanto-vos. Entretanto os fados começaram. Cada fadista cantava três, ao que se seguia um pequeno intervalo. Esse era aproveitado por setenta por cento dos presentes para vir à rua fumar. Dessa forma metíamos conversa uns com os outros e aproveitávamos para dar os parabéns aos fadistas da noite. A casa encheu até estarmos praticamente sentados ao colo uns dos outros. No final éramos todos conhecidos e amigos uns dos outros. Muita simpatia e muita abertura de espírito em conjunto. Claro que o vinho também ajudava, embora às três da manhã já todos, novos e velhos, estivéssemos a beber vodka com limão e vinhos do porto.

E foi assim o fim-de-semana em Évora. Aprendi duas coisas. Por muito complicada que a vida seja, temos de reservar para nós algum tempo. Por mais importantes que os nossos filhos sejam na nossa vida, para o nosso bem e deles também, é necessário afastarmo-nos um pouco para sabermos arrumar tudo o que temos e gostaríamos de ter nos lugares correctos. Aprendi também que a única forma de conhecer uma cidade é estar com as pessoas. Falar com elas. Ouvi-las e também partilhar com elas um pouco de nós.

E, como desejávamos, viemos de lá mais novos, mais vivos e mais enamorados.

3 comentários:

Anónimo disse...

Usando as tuas palavras "Aprendi também que a única forma de conhecer uma cidade é estar com as pessoas falar com elas,ouvi-las e também partilhar com elas um pouco de nós" aprendemos que é mto bom conviver com outras pessoas sair do nosso meio,fazer umas tonteiras de vez enquando,enfim VIVER:).
E porque a viver se sente muitas emoções,este fim de semana vai ficar pra sempre nas nossas vidas,quer seja por o terminar de ciclo,ou até mesmo por um recomeçar:)
Tenho mais uma coisa a dizer há que conhecer mais pessoas,trocar experiências,viver a vida...com isto fica o convite pra conhecer mais cidades eheh.
Gosty:)*

Marta disse...

Eheheheh só para deixar mais uma marquita:) beijinho pa ti******kiss******

Cristopher disse...

Epá...
O fim de semana em Évora foi mesmo fantástico!

Até me deixou água na boca a mim!!!

Portem-se bem, miudos!