quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
A Lua
Todos os dias olho céu. É algo instintivo que vem desde criança. Porque gosto de ver as estrelas e a Lua. Talvez para saber se vai chover. Mas hoje olho-o de maneira diferente. A Lua tem hoje outros significados. Gosto de vê-la brilhante e clara no horizonte. Já a vi com um telescópio e sei que é um pouco mais real do que parece. Tem montanhas e planícies e muitas cicatrizes do passado. Mas tento sempre vê-la como a via em pequeno. A magia da noite. Que envergonha as trevas e ilumina as árvores que baloiçam ao vento. Mas de vez em quando vem uma nuvem que a tapa. Fico acabrunhado. O coração perde o ritmo e acelera desenfreado. No mesmo instante pára. Para mesmo durante uns segundos, e começo a ver-me do lado de fora. Estou fora de mim, a ver-me sentado numa pedra num caminho escuro pois a lua está bloqueada pela nuvem. Sinto-me pequeno. Sinto-me vulnerável. Sinto-me vítima da vida e do mundo. Sinto-me incompreendido. Sinto vontade de chorar. Mas o estranho é que não o faço. Não consigo. As minhas lágrimas que normalmente são muito fáceis, não querem agora sair. Pressentem que isso poderia ser uma forma de me esconder mais no escuro que a nuvem provoca ao tapar a lua. Sabem que eu não sei se as quero. Sabem que estou completamente dividido. Porque a Lua está lá. Apenas está tapada pela nuvem, mas está lá. E eu sei que está. E revolto-me contra a minha auto comiseração. É então que a nuvem é deslocada pelo vento e a Lua volta para mim. Volta a iluminar o caminho onde vagueava e a pedra onde me sentei. Volta a trazer-me a magia. Volto a sentir o coração a bater num ritmo certo e vigoroso. Volto à vida. E sinto até laivos de felicidade. Não sei o que é. Não sei explicar. É como se a luz da Lua me envolvesse. Me aquecesse. Me aconchegasse. Sinto-me bem. Por vezes penso no que aconteceria se a nuvem tivesse levado mais tempo. Mas não leva. O vento acaba sempre por a levar e a Lua é-me devolvida. Gosto de a ver. Rodeada de milhares de milhões de estrelas. Longínquas. Mas por onde passeio muitas vezes. Gosto da Lua. Gosto de ti, Lua. Todos os dias olho o céu. Para te ver.
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3 comentários:
Espero que este dia para ti tenha nascido com sol.
Sei que nem todos os dias são bons e o que custa não é viver mas sim saber viver. E, sinceramente, o que deixas transparecer, é que sabes viver. Por isso, acho que a esta hora o que ontem te afligia, já passou.
E porque nem todos os dias são nublados á que aprender a viver cada dia como se fosse o último,com garra energia e vontade..a lua vai lá estar sempre,com o quarto crescente,minguante e por aí fora e sempre que precisares,olha pró céu e terás um sorriso...um olhar de algo/alguém que te é único...inigualável-
Porque gosty,e acima de tudo te admiro pela pessoa que és...GOSTY MTMTMTMT:)*BEIJINHO
Marta
Epá...
desculpem tar a cuscar...
Mas não resisti!
E estou super impressionado!
É que o meu mano, para além de mano, de mano mais velho, de um tutor, de um conselheiro, de um amigo, de um camarada, de um gajo fixe pós copos, do pai dos meus sobrinhos lindos, ainda é um poeta fantástico! Boa miúdo!
Uma abraço do tamanho do mundo ao meu mano preferido! E ao mano melhor do mundo! O meu!
;)
Não sou poeta nem escritor. Mas quando se escreve o que nos vai na alma, as palavras saem com facilidade. De qualquer modo, obrigado!
Renato
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